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Liquidação em Caixa vs Patrimônio em ILP: Entenda os Impactos Contábeis e Fiscais

Escrito por Wil Ferreira | 14/11/25 23:18

Os Incentivos de Longo Prazo (ILPs) são ferramentas estratégicas de remuneração variável que alinham os interesses de colaboradores e acionistas. Ao estruturar um plano de ILP, uma das decisões mais relevantes é a forma de liquidação: por meio de instrumentos de patrimônio, como ações ou opções, ou via pagamento em caixa.  

Essa escolha não apenas influencia a estrutura contábil e fiscal do plano, mas também afeta sua atratividade, o engajamento dos participantes e a sustentabilidade financeira da organização. 

O que é liquidação em instrumentos de patrimônio?

A liquidação em instrumentos de patrimônio ocorre quando o benefício é entregue ao colaborador na forma de açõesopções de ações ou outros títulos representativos de participação societária. 

Segundo o pronunciamento, CPC 10 (R1) - Pagamento Baseado em Ações, do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, esse tipo de transação é reconhecido diretamente no patrimônio líquido da empresa, sem gerar passivo financeiro. 

Características principais 

  • Reconhecimento contábil: aumento do patrimônio líquido. 
  • Mensuração: com base no valor justo dos instrumentos patrimoniais na data da outorga. 
  • Diluição societária: pode ocorrer, pois há emissão de novos instrumentos patrimoniais. 
  • Tributação: pode ser considerada de natureza mercantil, dependendo da estrutura do plano, o que afeta a incidência de encargos trabalhistas e previdenciários.
O que é liquidação em caixa?

Na liquidação em caixa, o colaborador recebe o valor do benefício em dinheiro, geralmente calculado com base na valorização das ações ou no desempenho da empresa. Essa modalidade é tratada como passivo financeiro e impacta diretamente o resultado da empresa. 

Características principais 

  • Reconhecimento contábil: como despesa no resultado e passivo no balanço. 
  • Mensuração: atualizada periodicamente até a liquidação, com base no valor justo. 
  • Não há diluição societária: pois não há emissão de ações. 
  • Tributação: geralmente considerada de natureza remuneratória, com incidência de IRRF, INSS e encargos trabalhistas.


Como escolher o modelo ideal de liquidação? 

 A definição entre liquidação em caixa ou em instrumentos de patrimônio deve considerar não apenas os objetivos estratégicos da empresa, mas também os impactos contábeis, fiscais e operacionais envolvidos. 

Aspectos contábeis e fiscais 

  1. Liquidação em patrimônio é reconhecida no patrimônio líquido, sem gerar passivo financeiro, e pode ser estruturada como operação mercantil, o que reduz encargos trabalhistas e previdenciários. 
  2. Liquidação em caixa gera despesa no resultado e passivo no balanço, sendo geralmente tratada como remuneração, com incidência de IRRF, INSS e encargos. 

Critérios estratégicos para decisão 

  • Capacidade de caixa: empresas com restrições financeiras tendem a optar por liquidação em patrimônio. 
  • Risco de diluição: companhias que desejam preservar a estrutura societária podem preferir liquidação em caixa. 
  • Perfil dos beneficiários: executivos com visão de longo prazo podem valorizar instrumentos patrimoniais. 
  • Segurança jurídica: planos mercantis exigem estrutura jurídica robusta e alinhamento com normas contábeis (CPC 10 / IFRS 2). 

Considerações finais 

A forma de liquidação dos Incentivos de Longo Prazo é mais do que uma escolha operacional, é uma decisão estratégica que afeta a estrutura de capital, a contabilidade, a tributação e a percepção dos colaboradores. 

A correta definição e comunicação do modelo adotado são essenciais para garantir a eficácia do plano e a conformidade com as normas vigentes.