A nova edição da pesquisa sobre Gestão de Incentivos de Longo Prazo (ILP) no Brasil revela que, embora o uso de planos baseados em ações ou opções esteja em crescimento, grandes desafios operacionais e técnicos ainda dificultam sua implementação plena. A seguir, destacamos os principais pontos apontados pelas empresas participantes da pesquisa.
A disseminação clara das informações sobre os planos de ILP continua sendo um dos principais desafios, especialmente quando a comunicação é feita de forma manual. Isso compromete o caráter de retenção dos planos.
74% das empresas apontam dificuldades na comunicação eficiente com os beneficiários.
As informações mais críticas incluem: prazos, condições do plano e valor associado.
A gestão dos documentos relacionados aos ILPs, como contratos, cartas-convite e extratos bancários, é considerada operacionalmente simples, porém trabalhosa.
Também 74% das empresas relataram que a documentação consome tempo significativo.
O problema é agravado em empresas com grande número de beneficiários.
Soluções sugeridas incluem automação de processos e uso de assinatura eletrônica.
Manter os dados atualizados e acessíveis para todas as áreas envolvidas é outro desafio estrutural, sobretudo em empresas que ainda centralizam tudo em planilhas isoladas.
55% das empresas classificam a governança da informação como trabalhosa.
32% consideram a tarefa complexa.
Os principais problemas são:
Compartilhamento ineficaz entre áreas (RH, Jurídico, Financeiro).
Falta de sigilo adequado ou atualização dos dados dos programas.
A contabilização é uma das atividades mais complexas, do ponto de vista técnico, do processo de gestão de ILP. Ela é feita seguindo as regras definidas pelas normas contábeis CPC 10 e IFRS 2, conforme falamos aqui.
Em nossa experiência, observamos que este tema é especialmente importante em momentos de fechamento contábil (em especial no fechamento do 4º trimestre) e também quando estes valores são validados por auditores independentes. Muitas vezes é um desafio definir a forma mais apropriada de refletir os impactos dos Planos de ILP no balanço e resultado das empresas.
De acordo com nossa pesquisa sobre ILP, têm sido relativamente comum que algumas empresa busquem o auxílio de especialistas para apoiar neste quesito, seja por meio de consultorias, treinamentos ou mesmo ferramentas computacionais. Isso explica, em parte, a redução do desafio enfrentado pelas empresas neste aspecto.
Segundo a pesquisa, a contabilização segue sendo uma das etapas mais técnicas e sensíveis, principalmente em momentos de fechamento contábil e auditoria externa.
O processo é regulado pelas normas CPC 10 e IFRS 2.
Muitos entrevistados relataram que buscam apoio externo especializado (consultorias, treinamentos, softwares).
Isso tem ajudado a reduzir a complexidade percebida, embora o tema continue relevante.
Já a percepção da dificuldade no preenchimento da documentação da CVM continua uma das mais altas, segundo nossa pesquisa sobre ILP. Em especial, temos notado um grande desafio das empresas no preenchimento da seção 13 do Formulário de Referência da CVM, onde são informados aspectos da remuneração baseada em ações para membros do Conselho de Administração, Conselho Fiscal e Diretoria Estatutária.
Não têm sido raros os casos em que surgem questionamentos da CVM por conta de incoerências entre Formulários de anos diferentes ou incoerências entre o Formulário e o Demonstrativo de Resultados.
A seção 13 do Formulário de Referência da CVM – que trata de remuneração baseada em ações – é citada como uma das tarefas mais desafiadoras:
Muitas empresas enfrentam dificuldades com incoerências entre formulários de anos diferentes.
Há riscos de questionamentos formais por parte da CVM devido à falta de consistência entre o formulário e o demonstrativo de resultados.
Além disso, há desafios no preenchimento de documentos como o ITR e o DFP.
Os desafios na gestão de ILPs não se limitam à criação de planos atrativos. A execução eficiente e segura dos processos de comunicação, documentação, governança, contabilização e conformidade regulatória é crucial para garantir que os objetivos estratégicos do ILP sejam realmente alcançados.
Este artigo é parte da série baseada na pesquisa “Gestão de Incentivos de Longo Prazo no Brasil – Edição 2025”.
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